domingo, dezembro 24, 2006

Natal Africano

Não há pinheiros nem há neve,

Nada do que é convencional,

Nada daquilo que se escreve

Ou que se diz... Mas é Natal.


Que ar abafado! A chuva banha

A terra, morna e vertical.

Plantas da flora mais estranha,

Aves da fauna tropical.


Nem luz, nem cores, nem lembranças

Da hora única e imortal.

Somente o riso das crianças

Que em toda a parte é sempre igual.


Não há pastores nem ovelhas,

Nada do que é tradicional.

As orações, porém, são velhas

E a noite é Noite de Natal.

Cabral do Nascimento